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C A T Á L A G O |
Amor de longe Claudia Nina
Juvenil
JUVENIL
ISBN (PAPEL): 9788562226465 Formato: 14 X 21 cm Páginas: 124 Ano: 2017 Peso: 220 gr Projeto gráfico / capa: Alonso Alvarez Ilustração da capa: Desenho de Federico García Lorca (reprodução) |
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IMAGENS DA CAPA: FRENTE | 4° CAPA | ABERTA TRECHO | SOBRE O AUTORA |
Quando Clarice foi obrigada a embrulhar sua vida no Rio e partir para o Sul, largar a praia e as melhores amigas, não poderia imaginar o que viria pela frente além das novas paisagens. Alguns rostos apareciam como vaga-lumes, e ela não sabia ainda se escureceriam ou iriam clarear o mundo. Depois dos primeiros meses com “dor de mudança”, Clarice descobre, pouco a pouco, no céu alto e protetor das frias manhãs vermelhas, o planeta dos amores imprevisíveis. E quem ela encontraria por lá? Um garoto magnético e desafiador que transformaria para sempre a lógica do seu universo. |
SINOPSE
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O primeiro amor, o primeiro flerte, a primeira dança, o primeiro beijo... A escritora Claudia Nina pega esses temas – clássicos e infalíveis – da chamada literatura juvenil, e os apresenta com frescor e delicadeza, na história da adolescente Clarice. O que há de incomum na abordagem da autora? O título, Amor de longe, já nos dá a pista: a narrativa é fortemente calcada na relação de Clarice com os ambientes que a cercam e nas relações espaciais entre os próprios personagens. Proximidade e distância, aqui, são palavras-chave. Embora carioca, Clarice não encontrava seu espaço no Rio: morava muito longe da escola, num apartamento muito apertado, dividindo com o irmão o quarto e o banco traseiro do velho Fusca da família. Em seu comodismo, estava até habituada àquele ambiente, simplesmente "porque não conhecia outro". Mas faltavam novos ares, novos lugares. A mudança repentina para Porto Alegre reorganiza os espaços e a vida da garota. De repente, ela ganha um quarto só seu, um prédio com playground e piscina, um novo céu – vermelho! –, uma nova vista, do alto, com direito a telhados. E ainda por cima passa a morar ao lado da escola. Tudo isso muda bastante sua rotina e possibilita vários encontros casuais, que vão conduzir a história. Aos 13 anos, Clarice logo se apaixona por um vizinho do novo prédio. Tão perto e tão longe!... Ele já tem namorada. É nesse impasse que vai se construindo – nos corredores do prédio, no elevador, no play – a aproximação dos dois. Um jogo de olhares, sorrisos enigmáticos, frases cheias de desejos e entrelinhas. Um amor cada vez menos longe, que o leitor certamente vai ter prazer em acompanhar. Outro prazer que a leitura reserva é a ambientação temporal da trama. Claudia Nina, que já é uma conceituada jornalista cultural e romancista para adultos, traz uma mudança de ares para o leitor adolescente, levando-o a um universo que ele não conhece bem, ou só conhece de ouvir falar: um mundo sem Internet, sem Facebook, sem Instagram, sem séries múltiplas e intermináveis na TV a cabo e no Netflix. A aventura de Clarice se desenrola num tempo em que os jovens se encontram no pátio, jogam cartas, brincam na areia, vão juntos comer um cachorro-quente na esquina e conversam, conversam, conversam: pessoas querem de fato saber umas das outras. Sem smartphones ou tablets nas mãos. Acredito que os jovens de hoje vão se identificar bastante com a jovem Clarice e, como ela, provavelmente vão perceber que o tempo é um senhor meio antipático que guarda segredos e espalha surpresas. |
ORELHA Leo Cunha Escritor
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O impacto foi imediato e sentido na pele: fazia um frio que parecia nevar, só que, em vez da neve, tinha o vento. Era ainda abril. Clarice havia começado o ano escolar no Rio e interrompido para continuar em Porto Alegre, mas a viagem aconteceu no meio de um feriado prolongado. As miniférias serviriam de período de adaptação. Tudo ficaria bem pior em termos climáticos. O frio era de uma espessura diferente daquela que ela conhecia em Friburgo. Era mais denso, difícil de atravessar. — Que horror esse frio! – reclamava. Mal sabia Clarice que seria apenas o início. Ela teria que aprender a vestir emoções diferentes como se experimenta um vestido novo – às vezes, aperta, pinica, incomoda, depois assenta e fica lindo. — A cidade não está tomando conhecimento do seu desprezo, Clarice – dizia o pai. Ela não respondia nada. Não encontrava nada a dizer; o mau humor incrustado na pele como sujeira grossa. Tirar a sujeira exigiria um esforço ao qual ela não estava disposta, ainda mais naquele frio sem graça. Estava com preguiça. Os pensamentos nasciam sem força e caíam despedaçados antes de virarem frase pronta. Telhados. Uma das coisas que Clarice aprenderia a ver melhor. No pequeno apartamento onde morava, não conseguia ver telhados; depois da enorme e detestada (mas saudosa!) escada, ela só via o chão. Roubava histórias alheias da casa ao lado quando subia no banquinho, geralmente nos domingos sem praia e sem Maria Rita, depois de lavar o quintal. Ficava horas olhando o desfile dos xampus na janela do banheiro, o movimento das panelas na fresta que dava para a cozinha. Nada muito interessante, apenas uma vida que não era a dela. Depois iria descobrir que é diferente a vida de quem vê telhados – sobrepor-se de cara para um horizonte é bem outra coisa. No apartamento novo, que ficava no alto, ela veria mundos de cima e iria conhecer um pôr do sol na mesma linha de seus olhos. Havia à sua frente um rio que anoitecia laranja nos dias de inverno – a sua paleta de cores também mudaria. Naquela manhã de frio-urso, chegaram ao novo endereço. O prédio era branco com janelas laranja. Plantas cabeludas esvoaçavam à ventania na pequena entrada principal. A vizinhança era só de casas muito simples, algumas de madeira. O prédio era o que de mais chique havia nos arredores. Mas não era propriamente chique; tinha imponência no cenário sem luxo. Sair do táxi foi um novo desembarque. A cara de Clarice quase entortando no vento, o aperto de casacos e o peso da bagagem, todo mundo espremido no banco detrás e o pai falante ao lado do motorista! Era muito assunto para Clarice reclamar até envelhecer. — Que lugar horrível, quero ir embora, não suporto isso. — Clarice, para de reclamar que está ficando chato – se você não der tempo ao tempo não vai conseguir descobrir as coisas boas da vida nova! – dizia a mãe, diplomaticamente, mas ameaçando perder a paciência a qualquer momento. — Clarice, vai ser legal! – dizia o irmão que, do alto de seus 6 anos, só conseguia imaginar quando ia começar a conhecer o colégio e fazer amizades. — O tempo é o senhor da razão – dizia por fim o pai, que adorava repetir velhas frases. Ela não entendia. Quer dizer, entendia por fora, verbo, sujeito e complemento, mas, por dentro das palavras, o significado truncava. Como o tempo agiria como senhor das emoções dela? Era pedir demais. Clarice tinha o hábito de anotar qualquer sentimento, dor ou pensamento novo – as coisas acontecendo de surpresa, sem que Clarice conhecesse de antemão a palavra correspondente era o aprendizado da hora. “Dor de mudança”. Não sabia como juntar o sentimento em apenas uma palavra. Então ficou assim: dor de mudança. Não tem remédio para esse mal, a não ser o tempo – o doutor insuportavelmente antipático que aparece quando não há nada a fazer. Não conseguia pensar que a simples passagem das horas e das estações seria capaz transformar esse soco no peito: alguém tirou o chão, onde tinha um tapete; ali ela pisava todas as manhãs e sabia para onde ia. Conhecia o trajeto do colégio, sabia de cor as ruas e as casas do caminho; conhecia seus vizinhos pelo nome – estava com saudade até de gente que quase nunca via, como a Adelaide do térreo. Subiram. No hall, não havia ninguém. Nem sequer um porteiro para contar a história do prédio. Abriram a porta de vidro com a chave que o pai já trazia em mãos. Pegaram o elevador. Sétimo andar. Clarice detestou. Pavor de altura. No seu minimundo de antes, era só subir a tal escada. Tinha uma coleção de ódios antigos e agora outra de ódios novos, frescos e, por isso, mais fortemente detestados. Chegaram. Por esta Clarice não esperava: o apartamento era enorme. Bom, não tanto assim, quanto exagero, pensou ela mesma depois de ter pensado que o apartamento era enorme, mas era grande se comparado ao apartamentinho de antes. Entrou no quarto que seria o dela e levou um susto! Era grande, tinha espaço para rodopiar várias vezes em mais de uma direção. Poderia dar várias voltas para a esquerda e, quem sabe, fazer muitos pedidos mágicos. Tinha espaço para cama, guarda-roupa, bancada para escrever, penteadeira. Ao mesmo tempo. E qual não foi a surpresa quando descobriu que não precisaria mais dividir o quarto com o irmão, pois ele também ganhara um quarto do mesmo tamanho! Não podiam abrir as janelas. O vento uivava até com o vidro fechado. Os cômodos ainda sem cortinas deixavam a nu o céu alto do Rio Grande do Sul, cheio de nuvens de plumagem, que faziam riscos no chão de cima – ainda não sabia, mas sentiria no futuro uma saudade imensa daquele céu. Cada lugar no mundo tem um tipo de céu diferente, ela iria descobrir depois. Aquele céu era muito peculiar à cidade gelada que a princípio detestou, mas que depois seria para Clarice a lembrança mais cálida de toda a sua juventude. No céu alto e protetor das frias manhãs vermelhas, escondia-se o planeta dos amores impossíveis, que alguém logo iria lhe mostrar. |
TRECHO |
Claudia Nina é jornalista e doutora em Letras pela Universidade de Utrecht, na Holanda, com tese sobre Clarice Lispector, publicada pela Editora da PUC-RS (A palavra usurpada, 2003). Trabalhou como professora-visitante de Teoria Literária na UERJ. Dessa experiência, nasceu a base da pesquisa para seu segundo livro: A literatura nos jornais: crítica literária dos rodapés às resenhas (Summus, 2007). A barca dos feiosos (Ponteio, 2011) foi seu primeiro infantil. Pela Editora DSOP, lançou, em 2013, o também infantil Nina e a Lamparina. Publicou ainda o perfil biográfico ABC de José Cândido de Carvalho (José Olympio, 2011), e os romances Esquecer-te de mim (Babel, 2011) e Paisagem de porcelana (Rocco, 2014). Os lançamentos mais recentes são os infantis A misteriosa mansão do misterioso Senhor Lam (Vieira & Lent, 2015) e A Repolheira (Aletria, 2015). Participou da antologia Vou te contar (Rocco, 2014) com o conto “Na solidão da noite”, em homenagem a Tom Jobim. É colunista da Revista Seleções (Reader´s Digest), na qual assina a coluna de crônicas Papo de Livro. Amor de longe é seu primeiro juvenil.
Outras obras da autora: A palavra usurpada (Editora da PUC-RS) A literatura nos jornais: crítica literária dos rodapés às resenhas (Summus) A barca dos feiosos (Ponteio) Nina e a Lamparina (Editora DSOP) ABC de José Cândido de Carvalho (José Olympio) Esquecer-te de mim ((Babel) Paisagem de porcelana (Rocco) A misteriosa mansão do misterioso Senhor Lam (Vieira & Lent) A Repolheira (Aletria) |
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