C A T Á L A G O



Borboletas no repolho

Vicente Humberto

Poesia

ISBN (PAPEL): 9786587622040
Formato: 14 X 21 cm
Páginas: 200
Ano: 2021
Peso: 400 gr
Projeto gráfico / capa: Alonso Alvarez
Pintura da capa e intervenção artística: Shirley Paes Leme
Prefácio: Whisner Fraga

Capa

IMAGENS DA CAPA: FRENTE | 4° CAPA | ABERTA
TRECHO | SOBRE O AUTOR

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Borboletas no repolho é o quarto livro do poeta Vicente Humberto. A obra reúne 131 poemas inéditos, escritos ao longo de 2020, novíssimos em folha, e tiveram aqueles que nasceram durante a produção do livro, alguns ali na entrada da gráfica, se enfiando na impressão, como se os poemas arrebentassem de uma urgência infectada de pânico. E estavam! Todos estes poemas surgiram durante a pandemia do coronavírus, no confinamento, no isolamento, nos dias e noites que se emendavam saturados de perplexidade, medo, paciência e esperança.

     Poesia também surge na vida que se esgota, no vazio dos dias, na dureza da rotina, na poeira dos tempos. E vira cor, perfume, leveza, espanto. Estas borboletas voam nas páginas deste livro para contar pequenas e belas histórias que o cotidiano deixa escapar pelas frestas das janelas, dos olhares, dos dedos das mãos, em especial, num período em que vida confinada nos fez enxergar, sem a correria dos dias e das noites, o nosso pequeno universo ao redor.

     Fernando Pessoa dizia que a literatura é uma confissão de que a vida não basta. Mas, neste livro, é vida todo o tempo, entornando, para sobreviver a cada minuto, em cada palavra.

SINOPSE



O leitor imediatamente se depara com o inusitado do título deste volume de poesias de Vicente Humberto: Borboletas no repolho. Primeiro o plural. Não é apenas uma borboleta pousada neste repolho. São várias e trazem consigo o símbolo da beleza, mas também do perigo. E o que elas podem estar tramando? É o que o leitor tentará descobrir.

     A dualidade é a marca dos versos deste poeta. O encanto com as cores, com as geometrias, e, ao mesmo tempo, o assombro das larvas que dizimam (porque precisam) todo o verde (toda a beleza?) que encontram pelo caminho. Por trás de uma borboleta (ou antes de uma borboleta) há sempre uma lagarta, há sempre o apetite degenerando a consciência. E há a transformação.

     Assim são as palavras, assim é a arte, assim são os artistas, todos com gumes pungentes, à espera de algo que possam picar, contemplando uma metamorfose que só o filtro da lógica pode interpretar. A beleza e o perigo da solidão, da religiosidade, dos olhos cerceados pelo medo, da arte, da sensualidade. O livro explora (a começar pelo título) movimentos sensuais, coreografias de mistérios e jogos de palavras, que deságuam em ironias e também em desafios, em conversões e também em crenças, em isolamentos e também em clemências.

     A solidão emboscada pela companhia do insólito, que, por sua vez, retira da arte, do diálogo, da métrica, da contradição, uma fuga quase sórdida, inesperada. A arte sempre será o refúgio do artista, é isso que nos mostra Vicente Humberto. O artista que, paradoxalmente, precisa da solidão para ter a companhia de sua arte. “Com as palavras/ Posso ser todas/ As cores do arco-íris”. O devaneio que dá direito à liberdade. Ao desejo. Precisamos de algo mais? Precisamos da verdade pontiaguda, cortante, incisiva: “E encomendei esta caixa/ De serpentes/ Que escreve versos.”

     A fisgada.

     A fé, nestas poesias, é retratada com certo cinismo, como deve ser. Mas um cinismo recheado de melancolias e de amor, de bondade, de sentido. “Seria de bom-tom/ Se tiver o dom da fé/ E tudo estiver/ Como Deus quiser.” As convenções sociais são confrontadas. Tudo que é de bom-tom é convencionado, é escolhido por alguém ou por uma coletividade. E o que é de bom-tom pode não ser. É de bom-tom matarmos as lagartas para nos sobrar o repolho imaculado? “Por que tantas agruras/ Pra que tantas amarguras/ Oh, senhor, dai-nos a cura”. Esta fé, sobretudo cristã, incomoda: “É preciso chorar/ Para sorrir?” É preciso viver, nos atestam os versos deste livro. E viver profundamente.

     A saudade, a lembrança, a finitude, aparecem como inevitáveis, em vários momentos. A morte é tratada com lirismo e um pouco de indignação. “Na tênue passagem/ Da matéria/ E cobre de pó/ Cinzas, palhas e heras”. O pó coberto pelo pó, a morte incomodando mais que a morte, o perigo, o esquecimento. O medo do esquecimento. E, novamente, a dualidade: cinza versus cores. “Lapidei a lápide/ De meu túmulo/ Com lápis de cor/ Decorei de cor/ A cor dos meus dias cinzas.”

     E, afinal, os jogos, que são parte do homem: o futebol, as corridas, os próprios relacionamentos e, em última análise, a vida, como se a sorte fosse o que guiasse a humanidade, como se fosse a lógica. E, claro, o gosto por apostar sempre naquele desacreditado, no mais fraco: “Joguei todas as minhas moedas/ No cavalo da baia três/ Era o azarão”. O poeta não é sempre o azarão? Não traz aquele silêncio constrangedor com suas palavras? O poeta não é o azarão que, vez ou outra, ganha alguma corrida?

     Assim, não nos estranha a presença de poetas malditos, de beatniks, como Sylvia Plath, Bukowski, Kerouac, que foram, ao mesmo tempo que azarões, visionários. Ser infame, solitário, não quer dizer ser um fracasso. Isso depende de quem vê, de quem julga. Uma borboleta no repolho pode ser algo bom. Tem de ser algo bom, é nisso que queremos acreditar ao adentrarmos este livro. E é um desafio, porque o poeta tem a fúria dentro si, quem sabe domada por aquilo a que chamamos de esperança?

     O leitor que saiba estar diante da reconciliação, do renascimento, da mudança. E permita que estes versos abrandem essa fome ancestral por beleza. O poeta é sempre o melhor guia.

DUALIDADES
Prefácio de Whisner fraga


O LEITOR QUE SAIBA ESTAR DIANTE DA RECONCILIAÇÃO, DO RENASCIMENTO, DA MUDANÇA. E PERMITA QUE ESTES VERSOS ABRANDEM ESSA FOME ANCESTRAL POR BELEZA. O POETA É SEMPRE O MELHOR GUIA.



Minha poesia veio
De meus pais
Vicente e Nicinha
Ainda os ouço
Declamar depois do jantar
Quando faziam o quilo
Antes de dormir
O ritmo, a voz, as rimas, as imagens, a melodia
Os versos embalaram de sonhos
Minha infância e foram crescendo comigo até envelhecerem

Vicente Humberto Lôbo Cruz
Nasceu em 3 de fevereiro de 1953
em Uberaba MG
Engenheiro de Minas
Bacharel em Letras
Publicou Folhas levadas
em Ouro Preto 1984
Perpendiculares na Bienal do Livro
em São Paulo em 1986
Abacates no caixote em 2020
Abacates no caixote em CD (2020)
Ao longo dos anos
Declamou poemas no rádio,
No teatro, nas ruas,
Nas escolas, nos bares
Vestiu poemas em camisetas
Publicou ao lado de Artistas
Poemas em cartaz
E agora colhe
Borboletas no repolho
No quintal da Fazenda Harmonia
Onde vive em Ouvidor
Interior de Goiás



O POETA

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Shirley Paes Leme (Cachoeira Dourada MG/GO), em 1978, graduou-se pela UFMG. Recebeu bolsa de estudos da Fulbright Foundation, de 1983 a 1986, doutorando-se pela John F. Kennedy University, San Francisco Art Institute e Universidade da Califórnia em Berkeley. Participou de diversas exposições coletivas: XV Bienal de Lausanne, 1993; VII Bienal da Polônia, 1995; “Die Anderen Modernen”, Casa das Culturas do Mundo, Berlim, 1997; II Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 1999. Em 2000, expôs na VII Bienal de La Habana, Cuba; Bienal de São Paulo - 50 anos, São Paulo, “Século XX: Arte do Brasil”; e Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal. E depois: “Côte à Côte - Art Contemporain du Brésil”, Musée d’Art Contemporain de Bordeaux, França, 2001; I Bienal del Aire Livre, Caracas, 2005; I Bienal do Fim do Mundo, Ushuaia, Argentina, 2007; X Bienal do Mercosul, 2015; I Bienal Sur, Buenos Aires, Argentina, 2017. Vive no mundo, às vezes para em São Paulo, Uberlândia, Vitória, BH e Lisboa.

Ficha técnica:
Desenhos: Fumaça congelada sobre papel, 2020.
Capa: Intervenção com fumaça congelada sobre fotografia, 2020.



A ARTISTA

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