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Poente |
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stou perdida, disse ela, colada à parede de pedras. Também, disse eu. Ficaremos aqui, assim, desse jeito? perguntou ela, assustada. Não se preocupe, tentei acalmá-la, a tarde ainda dura mais algum tempo. Nunca me aconteceu isso, disse ela, já um pouco calma. Então sugeri, podemos sair daqui, e tentei pegar sua mão, levemente, pois de outro jeito não poderia tocá-la. Não, quase gritou ela. E olhou ao redor, desolada. Nunca presto atenção, apenas vou junto, sou tão distraída. Onde estamos? Sem olhá-la, observando ao redor, disse: como você, nem ligava, mas quando me perdi pela primeira vez, resolvi ficar cuidadoso. Ah! Ela suspirou e tirou seus olhos do meu olhar. Era tão bom não se preocupar! recordou, com melancolia e tristeza. Então finalmente lhe respondi: Aqui é um museu. Ela se apavorou: De gente morta? Sim, esqueletos encaixotados. De quem? De soldados da Segunda Guerra, venho sempre aqui. Ela angustiou-se, Que horror! E tentou fechar os olhos com as palmas das mãos que a atravessaram. Apressei-me: vamos sair? É melhor lá fora! O sol... E tentei puxar sua mão leve e opaca. Ela olhou-me e perguntou: Ela voltará? Eles voltarão? Então falei com cuidado: às vezes precisamos encontrá-los. Mas ela desesperou-se. Procurá-los? Onde? Como? Podemos ir assim, sair por aí, soltos? Experimente, disse. E avancei um passo, subindo um degrau. Não ouso, não posso, não quero, insistiu ela, apavorada. E ela, se pudesse, deixaria derramar uma lágrima. Não é difícil, encorajei, como se eu pudesse recolher com o dedo da mão a pequenina gota que não se via em seu rosto. Vamos! supliquei. Ah, meu Deus! O sol se põe! Gritou ela, colada à parede de pedras.
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