|
Visitas |
|
s terças e quintas eu visitava minha avó. Cuidava dela e de sua pequena casa com jardim e muro baixo. Tirava o lixo, regava as plantas, conferia contas de luz e água, fazia algum conserto, e conversávamos sobre flores e dias, seus assuntos favoritos. Duas horas depois eu me despedia fechando o portão e acenando para ela, sempre ali, sentada no banco do jardim, silenciosa e frágil como as flores, e retornava ao trabalho numa pequena agência de turismo que me permitia essas esticadas após o almoço, ou eu me demitiria, claro. Sempre estive por perto. Algo nela não envelhecia, mas eu sofria com os anos que passavam. Ela me alcançava no outro banco com sua mão pequena e leve, e recordava os melhores dias da família, sorrindo com as boas lembranças.
Ainda passo por lá de vez em quando. A casa tem novo morador, que a deixou do jeito que a comprou, com o jardim, o muro baixo, os dois bancos, e um raio de sol que nunca envelhece.
|